No site da IT WEB foi publicada uma entrevista (por Felipe Dreher) com o Prof. Afonso Cozzi, da Fundação Dom Cabral, que fala sobre um assunt
o com grande habilidade: Intraempreendedorismo para as organizações que pretendem Inovar, mas que ainda estão no pretender.
De acordo com o professor, os gestores precisam ficar atentos ao mercado para estimular iniciativas empreendedoras internas. Com a im
agem abaixo, podemos notar as grandes barreiras que compõem na cultura corporativa atual. Este é o modelo hierárquico adotado na maioria das empresas, o segredo é inverter a pirâmide, isso pressupõe ter todas as áreas-chave da organização voltadas para as necessidades do mercado. “Não só implantado o que a alta administração pensa e planeja“, contrapõe o Professor.
Confira a entrevista completa com o Professor Afonso Cozzi.
IT Web – Como criar uma cultura empreendedora nas empresas?
Cozzi – É importante saber criar necessidade de mudar a cultura tradicional, onde planejamento e estratégia são feitos no topo da organização e o resto da empresa só implementa ações. Uma cultura empreendedora inverte essa pirâmide e a alta direção dá suporte às pessoas que atuam diretamente com os clientes. Uma cultura empreendedora pressupõe, também, ter todas as áreas-chave da organização voltadas para o mercado, não só implantado o que a alta administração pensa e planeja. Falamos que o sonho de todo empreendedor é ter, em sua empresa, funcionários que pensam e agem como se fossem os donos negócio.
IT Web – E como estão os brasileiros nesse contexto? Os diretores e empresários estão abertos para fazer com que seus funcionários tenham essa atitude?
Cozzi – Fizemos uma análise comparativa e hoje existe uma receptividade muito maior à essa ideia (de empreendedorismo). Mas, na prática, são poucas as empresas que conseguem implantar esse tipo de política internamente. Por quê? Porque mesmo com um discurso de que isso é importante para aumentar a competitividade da companhia, a mudança de cultura implica em transformação grande na forma de fazer as coisas, na concessão de autonomia à equipe, em aceitar os erros dos funcionários.
É muito mais do que implantar processos, normas e regras. É fazer com que as pessoas tenham uma atitude mental diferente. E não é fácil. Se de um lado a constatação de que isso não é aplicado atualmente, de outro lado há um ambiente que caminha para essa cultura. As pessoas sentem que podem mudar, mas ainda existe uma resistência muito grande nas empresas, principalmente nas gerências médias, onde as coisas de fato são implantadas.
IT Web – Isso revela certo medo dos que compõem esse nível hierárquico?
Cozzi – Exatamente. Essa gerência, muitas vezes, sente medo de perder sua posição e de que haja uma democracia interna muito grande dando espaço demais às pessoas. Isso ameaça o cargo dele. Mas, os que valorizam o empreendedorismo sabem que abrir espaço para a colaboração dá autonomia às pessoas, fortalecendo a empresa, aumentando sua competitividade e abrindo mercado.
IT Web – O que você recomenda como um primeiro passo para o gestor incentivar o empreendedorismo em sua equipe?
Cozzi – A competição externa faz com que as pessoas mudem. O primeiro fato é estar atento ao mercado e saber que as empresas mais competitivas são as que têm pessoas agindo como empresários. A recomendação para o diretor e o gerente é que prestam atenção e façam com que todos trabalhem em prol da competitividade da organização, não apenas à lealdade ao emprego. O segredo maior é tentar mostrar exemplos, trazendo pessoas de fora da companhia para dar depoimento sobre suas experiências, expondo outras formas de fazer e reforçando que existe espaço dentro das companhias para agir como empreendedores.
IT Web – E como aquele funcionário com espírito empreendedor, que está abaixo da gerência, pode se fazer ouvir na empresa sem que seu gestor se sinta ameaçado?
Cozzi – Realmente não é fácil. Se o ambiente não favorece o empreendedorismo é muito difícil o empregado lutar contra isso sozinho. Primeiro, e esse recado é um pouco pesado, é que se ele notar que na agenda da empresa não há temas como inovação, empreendedorismo; é preferível que ele procure um outro espaço. Mas isso não é uma recomendação aplicável a todo mundo, pois, por outro lado, existe o outro caminho que consiste em procurar apoios internos para suas ideias.
A pessoa que age como empreendedor e identifica oportunidades deve procurar um suporte dentro da empresa que lhe ajude a vender aquilo, mostrando boas oportunidades de mercado. A tarefa seguinte é formalizar isso em planos de negócio. Essa é uma atitude importante, uma vez que mostra a viabilidade financeira e mercadológica do negócio, mesmo que seja preciso passar sobre seu chefe. É preferível correr o risco, pois o fracasso do empreendedor é quando ele desiste. Mas, se depois de lutar muito, ele sentir que o ambiente não acolhe suas ideias, o melhor caminho pode ser procurar outro emprego.